01/11/2016

10 dicas para fazer um desmame gentil e sem traumas

Esses dias entramos em uma fase muito importante pra Sara e pra mim, iniciamos o processo de desmame por aqui e senti a necessidade de compartilhar isso com vocês. A vida tem grandes separações, o parto, a volta ao trabalho, e agora o desmame. Uma ligação única entre a gente. Aquela mãozinha no meu peito, aquele carinho, aquele olhar... só de pensar em todas essas coisas me emociono mas sinto que está chegando a hora, preciso deixa-la crescer. Sara tem 1 ano e 9 meses, é esperta, inteligente, já entende as coisas e come de tudo. Eu gostaria que as coisas fossem feitas da maneira mais tranquila e amorosa possível e que esse rompimento fosse saudável pras duas. Estamos chegando em um ponto que cada dia está ficando mais difícil e cansativo, pressão do trabalho em viajar e outras coisas. Gosto de amamentar, amo mesmo, de verdade, mas sinto que esse nosso momento está chegando ao fim e tenho aproveitado cada minuto. Tenho lido a respeito, conversei com a pediatra, alguns profissionais e amigas para me auxiliar nesse processo.


Vale saber que o desmame pode ser classificado em categorias:
  • abrupto - Ocorre de repente, muitas vezes por informações erradas e falta de apoio. Não é recomendável, pois pode gerar na criança um sentimento de rejeição e insegurança, causando um comportamento rebelde. Já para a mãe, a interrupção do aleitamento de forma inadequada pode ocasionar ingurgitamento mamário, bloqueio do ducto lactífero e mastite, além de tristeza e depressão por mudanças hormonais;
  • planejado ou gradual - Meu caso, deixando de oferecer o peito, contendo a livre demanda até que diminua o interesse;
  • natural - Por iniciativa da própria criança normalmente entre 2 e 4 anos. Transição tranquila, com menos estresse para a mãe e para a criança.

É muito comum bebês que mamam mamadeira ou chupeta desmamarem bem mais cedo, é o que chamamos de desmame induzido, você pode estar fazendo esse processo de desmame mesmo sem saber. Quer saber mais? Leia >> aqui <<

Abaixo segue alguns pontos que tem me ajudado nesse processo. Servem pra mim de acordo com a MINHA experiência, necessidades e estudos. Como eu sempre digo, não há certo e errado na maternidade, espero que possam te ajudar também a seguir e descobrir seu próprio caminho.

 

 1 - Que seja essa a sua decisão

A decisão de desmamar deve ser SUA, de mais ninguém. Não deve ser uma decisão da sua sogra, da sua mãe, dos seus amigos, da sociedade, da creche, do seu marido... de ninguém além de você. Essa foi uma decisão minha e pouco me importo para as piadinhas e qualquer outro pitaco. "ainda tem leite?", "ela não está muito grande pra mamar?", "agora é só água". Esse tipo de comentário já ouvi milhares de vezes e pouco me importava. A amamentação tem que ser bom para os dois lados, mãe e bebê. Se não for algo bom e prazeroso para os dois não tem porque continuar.

2 - Prepare-se psicologicamente

Foi a primeira coisa que fiz. Me preparar! E não é fácil. Estou precisando entender que apesar de a amamentação acabar, o vínculo entre a gente não acabará. Nem os olhares, nem o carinho. Que tudo isso faz parte de um processo de crescimento e desenvolvimento dela. Nossa ligação vai muito além disso.

3 - A verdade, sempre a verdade, nada além da verdade

Dependendo da idade do seu bebê, ele já vai entender. E foi assim que tudo começou. Sentei com a Sara no sofá e conversei com ela que o "totô" (como ela chama o peito) já está muito cansado e não pode mamar toda hora. Que ela é uma mocinha, que come tudo, que brinca e que a partir de agora o totô não seria mais na hora que ela quisesse, que seria só na hora de dormir. Ela chorou, mas entendeu. Agora quando quer mamar diz "mamãe mimir" e normalmente está com sono mesmo e quer dormir.

4 - Decidiu, seja firme

Se começou o desmame e está decidida a isso, seja firme em suas decisões. O bebê caiu, chorou, aconteceu alguma coisa... o primeiro instinto é colocar o peito pra fora pra acalmar a cria. Eu sei, é difícil. Estou nessa transição. Mas respiro fundo e tento acalmar de outras maneiras, como falei, é um preparo psicológico nosso também como mãe, o peito não é a solução para tudo, facilita muito a vida, mas temos que deixar de usá-lo. Tem outras situações que o peito facilita muito como quando está doente, não quer comer... não sei se quando eu passar por isso terei coragem de negar... vamos ver. (como é difícil né),

5 - 10% da nutrição física e 90% da nutrição emocional

O leite materno não vira água como dizem por aí após o primeiro ano do bebê, acontece que as necessidades da criança podem ser substituídas por outros alimentos. No entanto existem outras necessidades que não podem ser substituídas. A criança não busca o peito apenas quando sente fome, ela busca quando sente medo, quando está estressada, com sono, quando tem a necessidade de sentir-se segura, amada e protegida. Portanto estou iniciando esse processo em uma fase onde eu estou bem, dedicada, decidida e focada a suprir essas necessidades que ela tem de outras maneiras, distraindo, brincando, disponível pra ela. Se estiver em uma fase turbulenta em casa, no trabalho, na vida... poderá ser algo traumático para os dois lados.

6 - Desmame noturno ou diurno

Já li a respeito sobre começar pelo desmame noturno. Não funcionou pra mim. Disseram que eu deveria conversar com ela, na primeira vez que ela pedisse durante a noite eu dava, quando ela pedisse a segunda eu não dava e tentava acalmá-la de outra maneira. Não funcionou. Não aguento, confesso, pra mim é mais fácil colocar o peito pra fora e dormir porque no dia seguinte tenho que acordar muito cedo. Vamos contra a maré e começar pelo diurno mesmo. Me disseram também pra dar uma mamadeira ou chupeta pra ela antes de dormir... estou há quase dois anos sem dar mamadeira pra ela, não será agora que vou substituir um problema por outro né. Já usa copo normal e vamos que vamos. Tudo no seu tempo.

7 - Tempo, tempo, tempo

Pode levar um tempo, e é bom que leve mesmo. Para uma adaptação do corpo da mãe e do emocional das duas partes. Que leve até os 2 anos, que leve até os 3, que leve o tempo que for... mas que seja algo bom para todo mundo. Crianças não mamarão para sempre, somos mamíferos e todos desmamam em algum momento da vida.

8 - Distração e disponibilidade

Uma das coisas que tem me ajudado é a distração. Não ofereço mais o peito na primeira oportunidade, não dou quando ela quer. E claro que não é fácil. Ela chora. Ela pede e meu coração aperta. Mas aí respiro fundo e falo: "que tal se a gente der comida pra boneca. Ela está com fome." ou jogar bola, ou assistir desenho, ou desenhar, ou qualquer coisa que fará ela esquecer um pouco o peito. Isso tem funcionado bem, a não ser que ela esteja realmente com sono, aí não tem jeito.

9 - Apoio

Você precisa de apoio do seu companheiro, da sua mãe, amigas, grupos de facebook, o que for. Mas pessoas que vão te abraçar, vão te acolher, vão te entender. Vão te ajudar, vão te ouvir. Se precisar, to aqui :)

10 - Menos julgamentos e mais amor

Existem mães que estão cansadas de amamentar, existe aquelas que desistiram, existe as que não conseguiram, existe as que não se informaram, existe as que não puderam... atrás de todo bebê existe uma mãe, uma história, uma vida, uma mulher que deve ser respeitada. Essas são as minhas experiências, não sou a dona da verdade, não pretendo ser. São as minhas convicções hoje e amanhã posso mudar de ideia sobre isso e qualquer outra coisa, e essas historias devem ser respeitadas SEMPRE!!!


Espero que de alguma maneira eu possa ter ajudado e contribuído, meu processo de desmame está só no início e não sei como será daqui pra frente. Acompanhe lá no instagram @uma.menina e no snap @blimoel que eu compartilho muito com vocês lá. Se quiserem mandem também comentários, directs, emails... estou aqui.

E pra quem não está pensando em desmamar, ótimo também. Leite materno é maravilhoso com 1 mês, com 6 meses, com 1 ano, com 2 anos e com a idade que você achar que será bom pra você e seu bebê, é SUA decisão.

 Após o 2º ano 500 ml de leite materno possui (Giugliani, 2004):

    1/3 das necessidades de energia e proteína de alto valor biológico
    45% das necessidades de vitamina A
    95% das necessidades de vitamina C
    fatores de proteção contra doenças infecciosas


Algumas fontes:
http://www.conversandocomopediatra.com.br/paginas/materias_gerais/quando_como_iniciar_desmame.aspx
http://seasmaessoubessem.com.br/2015/08/18/10-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-o-desmame/
http://prolactare.com/amamentacao/amamentacao-apos-2-anos-leite-materno-definitivamente-nao-vira-agua

Beijos, 
Brena, mãe da Sara, que já sente falta do aconchego do peitinho.  

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3 comentários:

  1. Ual! Amei o post! Por aqui ainda estou comemorando o segundo mes de amamentação exclusiva, rsrs. AChei que eu não fosse conseguir nem chegar perto disso e estou muito feliz!
    Meu objetivo é o desmame gentil, e já vou preparando meu psicológico porque sei que é muito difícil pra gente. A minha primeira desmamou por ela própria (na época eu era nova e não entendia muita coisa, então mesclava fórmula com LA - "orientação" do pediatra) e muito cedo. Agora, estou indo bem e vou continuar no caminho, com conhecimento e apoio é outra história!
    Estou amando seu blog.

    Beijos.

    jovensmaesblog.blogspot.com

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  2. Gostei muito da leveza do seu texto. Bem ponderado. Vc pesa bem as palavras e as usa com sabedoria.

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